No universo inquietante de **Hereditary**, o Rei Paimon serve como uma manifestação da profunda tragédia e horror da família. A influência demoníaca enraizada na realidade coloca os holofotes sobre a turbulência psicológica e sobrenatural que envolve a família Graham, particularmente após um erro crucial de Peter Graham (Alex Wolff), de 16 anos. À medida que os laços sociais e familiares começam a se desfazer, o relacionamento de Peter com sua mãe, Annie (Toni Collette), sofre danos irreparáveis, preparando o terreno para os eventos assustadores que se seguem. Somando-se à narrativa macabra está a revelação de que forças malévolas têm meticulosamente seguido os Grahams por muito mais tempo do que eles imaginavam.
**Hereditary** se destaca como uma experiência cinematográfica excepcionalmente aterrorizante, com sua jornada enervante iniciada nas cenas de abertura, onde os intrincados modelos em miniatura de Annie servem como uma metáfora para a desintegração da família. Enquanto a metade inicial do filme se baseia em medos palpáveis da vida real, é a figura sinistra do Rei Paimon que eleva os momentos finais a um crescendo assustador. Pistas sutis intercaladas ao longo do filme sugerem uma presença sobrenatural invisível, sugerindo que os infortúnios da família não são meras coincidências. Como um antagonista formidável, o Rei Paimon marca seu território na paisagem do horror, e seu pano de fundo histórico amplifica seu caráter arrepiante.
A devoção de Ellen, mãe de Annie, ao rei Paimon
O plano mestre de um culto sinistro
Conforme a trama se desenrola, fica assustadoramente claro que a mãe de Annie, Ellen, estava profundamente entrincheirada em um culto dedicado à adoração do Rei Paimon. Ao longo dos anos, esse grupo procurou invocar o demônio para o reino mortal, mirando especificamente em um homem para servir como seu recipiente para possessão. Embora não explicitamente discutido, Annie faz alusão ao trágico suicídio de seu irmão, onde ele alegou que sua mãe tentou “colocar pessoas dentro dele”, sinalizando as intenções sombrias de Ellen. Consequentemente, Peter surge como o próximo homem na linhagem familiar destinada à possessão.
Ao longo de **Hereditary**, vários símbolos relacionados ao Rei Paimon aparecem, alguns abertamente como aqueles nos grimórios de Ellen, enquanto outros são implicitamente entrelaçados na narrativa, como referências em um poste telefônico. Quando Annie descobre o livro de feitiços e desvenda a verdade por trás do Rei Paimon, ela enfrenta a horrível percepção da influência maligna que atormentou sua família. O demônio estende seu alcance por meio de cultistas e, finalmente, habita a própria Annie, culminando com Peter se tornando seu recipiente e completando uma busca geracional para habitar o plano físico.
As raízes históricas do Rei Paimon e uma possível sequência
Inspirações históricas por trás do demônio
O personagem do Rei Paimon está enraizado na tradição **histórica**, especificamente do grimório do século XVII, **The Lesser Key of Solomon**. Este texto fornece rituais detalhados para invocar 72 demônios, incluindo o Rei Paimon, que é reconhecido por sua habilidade de revelar verdades ocultas e conceder sabedoria àqueles que a buscam. O significado de **The Lesser Key of Solomon** é composto por sua compilação de tradições anteriores do grimório, amplificando seu impacto na demonologia.
Dada a infinidade de demônios catalogados em **The Lesser Key of Solomon**, a base para uma sequência de **Hereditary** pode ser rica em possibilidades narrativas. Ari Aster, o diretor, deu a entender durante uma sessão de perguntas e respostas após uma exibição de **Beau Is Afraid** que ele tem ideias conceituais para uma sequência, embora ele permaneça incerto sobre executá-las. Com o Rei Paimon já sendo um ponto focal, a introdução potencial dos outros 71 demônios pode abrir caminho para uma franquia expandida.
Traços distintivos de Paimon em Hereditário
Caracterizando exclusivamente o Rei Paimon
**Hereditary** ganhou elogios por sua abordagem perturbadora ao terror. Notavelmente, King Paimon é distinto entre as representações de demônios no cinema; essa singularidade contribui para os pontos fortes do filme, divergindo de tropos comuns em narrativas de possessão demoníaca. Ao contrário de muitos filmes de terror que se concentram em receptáculos femininos para entidades demoníacas, a preferência de King Paimon por hospedeiros masculinos o diferencia, apresentando uma nova abordagem de um recurso literário bem usado. De clássicos como **O Exorcista** a lançamentos mais recentes, personagens femininas são tipicamente retratadas como as principais hospedeiras da possessão demoníaca. Isso torna a narrativa centrada no homem de King Paimon uma diferenciação notável.
Além disso, o recipiente pretendido pelo Rei Paimon, Peter, não é selecionado por acaso. Os insights de Joan esclarecem que Paimon tem uma predileção por hospedeiros masculinos, tornando o corpo temporário de Charlie um mero passo em falso, um que o culto desesperadamente busca corrigir. Essa preferência explícita pela masculinidade posiciona o Rei Paimon de forma única contra um pano de fundo de narrativas de possessão de dominância feminina.
Outro atributo marcante da presença do Rei Paimon é a noção de que Charlie foi predestinado à possessão. Isso contrasta fortemente com a aleatoriedade frequentemente vista em filmes de terror, tornando a escolha de Paimon mais parecida com a seleção fatídica de Damien na série **The Omen** do que arbitrária, como outras do gênero. Além disso, ao contrário de muitos demônios que distorcem fisicamente seus hospedeiros em formas grotescas, a possessão do Rei Paimon mantém a aparência de Peter intacta, sinalizando uma divergência fundamental das representações tradicionais de filmes de terror.
Os traços únicos e a importância narrativa do Rei Paimon não apenas elevam **Hereditário**, mas também destacam o cenário em evolução do cinema de terror.
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