O estúdio Double Fine, de Tim Schafer, tem permanecido relativamente quieto desde o lançamento de Psychonauts 2, há mais de quatro anos. No entanto, esse silêncio foi quebrado com o anúncio recente de um novo título, Keeper, revelado em junho. A revelação inicial apresentou um trailer cativante, porém bizarro, mostrando um farol ambulante, o que imediatamente despertou meu interesse. Poucos meses depois, Keeper está pronto para cativar os jogadores.
Como fã devoto de Psychonauts 2, minha expectativa por Keeper era significativamente alta. Depois de mergulhar no jogo por alguns dias, posso dizer com segurança que ele superou minhas expectativas. Criado por Lee Petty, um veterano da Double Fine com um histórico de títulos notáveis como Stacking, Headlander e RAD, Keeper oferece uma breve, porém encantadora, aventura de quebra-cabeça para um jogador, rica em maravilhas, embora com poucas explicações explícitas.
Esta resenha tem como objetivo compartilhar meus pensamentos sem revelar muitos spoilers, o que é desafiador, considerando que cada experiência neste mundo peculiar parece algo a ser preservado para descoberta pessoal. Dito isso, vamos lá.
Um mundo surreal cheio de maravilhas
Em Keeper, os jogadores são apresentados a um protagonista nada convencional: um farol consciente que milagrosamente ganha vida. A história começa quando este farol faz amizade com um passarinho em dificuldades, apropriadamente chamado de Twig. Como uma estrutura inanimada, o farol tem mobilidade limitada, então ele se liberta criativamente de sua fundação e cria pernas. Essa transformação leva a um delicioso contratempo de aprender a se equilibrar e navegar por um mundo estranho, porém cativante.
A presença humana parece ter desaparecido deste universo, deixando para trás relíquias de sua existência, como casas antigas em ruínas.À medida que o farol tropeça no terreno desolado, ele inadvertidamente revive a flora deste mundo esquecido, despertando o crescimento por onde sua luz alcança. A paisagem floresce com plantas misteriosas que poderiam facilmente ser confundidas com formas de vida alienígenas, aumentando o charme sobrenatural do jogo.

Uma variedade de seres fantásticos habita esta terra, incluindo criaturas gigantescas semelhantes a baleias e habitantes metálicos em miniatura. Também encontrei criaturas marinhas aparentemente se preparando para um encontro monumental contra uma fera vizinha. A jornada do farol em direção a uma montanha misteriosa é repleta de aventuras estranhas que convidam à exploração e à interação de maneiras peculiares.
Em uma sequência memorável, manipulei o próprio tempo para ressuscitar uma cidade, enquanto em outra ajudei algumas criaturas do oceano, transportando-as para um lugar seguro. Cada ação desabrocha em uma narrativa maior sobre um conflito em formação, sugerindo uma camada mais profunda de intriga sob a superfície.
É importante ressaltar que Keeper não apresenta diálogos falados; a narrativa se desenrola por meio de pistas ambientais e expressões animadas. Os jogadores devem interpretar as emoções e a história por meio das interações entre o farol, o Twig e o ambiente ao redor, tornando-o um jogo baseado em narrativa visual.

A natureza deste mundo excêntrico abraça o absurdo sem a necessidade de explicações coerentes. Como jogadores, nos tornamos parte da narrativa sem dissecá-la minuciosamente — nossas ações parecem semear positividade mesmo em meio ao caos. Os jogadores são incentivados a explorar se desejarem descobrir mais sobre a história embutida no mundo, embora a maioria dos insights venha por meio de descrições de conquistas em vez dos tradicionais itens de conhecimento. O jogo apresenta um dos mundos de jogo mais cativantes que já explorei, mas a profundidade da experiência se perderia sem uma jogabilidade envolvente.

Quebra-cabeças e jogabilidade transformadora
Além de dar vida, a lâmpada do farol serve como um componente essencial para a resolução de quebra-cabeças em Keeper. Twig também desempenha um papel crucial nesse processo.
A lâmpada dissipa obstáculos para criar novos caminhos e nutre uma flora peculiar que literalmente constrói pontes sobre as fendas. Ao direcionar a luz e amplificar sua energia, os jogadores podem manipular o ambiente para revelar oportunidades. Além dos quebra-cabeças, eu me vi frequentemente usando a lâmpada para iluminar arquiteturas intrigantes e observar como o ecossistema responde, integrando naturalmente a interação à minha exploração.
Notavelmente, não há controles de câmera, mas cada nova área se apresenta lindamente. Não houve um único momento em que me senti prejudicado pela perspectiva; os ângulos fixos aumentam a sensação de explorar um mundo vasto repleto de curiosidades inalcançáveis. Mesmo quando a navegação é tranquila, as diferentes opções de câmera criam uma experiência cativante.

Cada região apresenta dinâmicas de quebra-cabeça únicas, que vão desde saltos de algodão-doce até mecânicas de manipulação do tempo, que estão temporariamente disponíveis. O jogo adota uma abordagem fluida, abandonando mecânicas assim que suas respectivas áreas são concluídas, garantindo que cada novo espaço seja revigorante.
Embora os quebra-cabeças iniciais possam parecer simples, o jogo mantém o equilíbrio, evitando frustrações. Opta por uma expansão gradual da mecânica, garantindo que a jogabilidade permaneça tranquila sem exigir reações rápidas ou precisão. Caminhos claros frequentemente surgem para evitar retrocessos, enquanto luzes e sons sutis ajudam a guiar os jogadores em direção aos objetivos, promovendo uma atmosfera relaxante.
Sem dar spoilers, o ritmo e a complexidade do jogo mudam inesperadamente no meio do caminho, introduzindo elementos de jogabilidade totalmente novos. Essas transformações criativas continuam a surpreender ao longo da narrativa, subvertendo consistentemente as expectativas para um título centrado em um farol ambulante.

Qualidade visual e de desempenho
As animações em Keeper são elaboradas com maestria. Sem personagens humanos à vista, o jogo evita com sucesso o vale misterioso, conferindo aos seus movimentos bizarros uma sensação de autenticidade e charme. O farol e o Twig brilham como elementos de destaque; as expressões e reações do farol ao ambiente e aos amigos conferem personalidade à estrutura inanimada.
De pequenas criaturas metálicas torcendo pelo farol em momentos festivos a um personagem parecido com um crustáceo inspirando camaradagem, o jogo equilibra excentricidade e aconchego. Uma rica mistura de música orquestral e eletrônica complementa a profundidade emocional dos visuais e das interações.

O espetáculo visual vai além dos meros gráficos. Detalhes como janelas laterais brilhantes do farol durante o esforço, efeitos etéreos após sequências de viagem no tempo e estruturas de nuvens excêntricas reforçam a dedicação a uma experiência visual imersiva.
Na minha placa de vídeo RX 9070 XT e com resolução de 1440p, atingir 60 FPS nas configurações gráficas máximas exigiu o uso do upscaling FSR na configuração Qualidade. O jogo é visualmente deslumbrante e, considerando seu ritmo de jogo mais lento, os problemas de desempenho prejudicam um pouco a experiência. No entanto, o Keeper exige especificações de sistema robustas para que se possa desfrutar plenamente de seu esplendor visual.
Considerações finais
Com Keeper, a Double Fine criou um mundo alienígena encantador, pronto para ser explorado, repleto de maravilhas e temas intrigantes. O conceito de um farol ambulante que leva a uma narrativa rica proporciona uma experiência emocionalmente envolvente. A narrativa sem palavras, os quebra-cabeças envolventes e a jogabilidade envolvente ofereceram surpresas deliciosas, despertando a emoção a cada nova revelação.
A combinação de visuais surreais, animações únicas e trabalho de câmera cinematográfico demonstra um compromisso com a qualidade diferenciada. Apesar do seu breve tempo de jogo — aproximadamente seis horas com metade das conquistas colecionáveis desbloqueadas —, o jogo nunca perde o seu encanto. Custando US$ 30, o jogo reflete sua experiência concisa e gratificante.
Embora alguns possam não apreciar a ausência de diálogo ou a complexidade narrativa, achei Keeper uma aventura excepcional que eu jogaria novamente com entusiasmo, ansioso para vivenciar sua magia novamente.
O Keeper será lançado oficialmente em 17 de outubro de 2025, disponível para PC através do Steam e da Microsoft Store, bem como para Xbox Series X|S, por US$ 29, 99. Também estará incluído no Xbox Game Pass Ultimate e no PC Game Pass no dia do lançamento.
Esta análise utilizou uma versão de pré-lançamento do jogo fornecida pela Microsoft.
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